12 de outubro de 2010

lembranças do verAo 2010

Não me lembro ao certo da data daquele dia em que acordei ao teu lado e senti o meu coração desfeito e a minha alma perdida , perdida algures por velhos e esgotados caminhos. Acordei e eram poucos os raios de sol que tinham encontrado a janela com vista para uma paisagem que aprendi a desenhar de olhos fechados. Acordei com as tuas mãos enlaçadas na minha anca como todas as vezes que adormecemos ao lado um do outro. As tuas pestanas loiras ainda não se mexiam e os teus olhos azuis continuavam fechados. Tinhas a tua cabeça sobre o meu ombro, o teu peito encostado às minhas costas e apenas os teus pulmões se faziam sentir cada vez que suspiravas. Continuavas ausente e sem reacção mas enquanto dormias, tão perto de mim, era fácil considerar-te o meu gémeo siamês.
Estavas tão sossegado ao meu lado como nunca antes te tinha visto. Neste instante era difícil relacionar-te com a agitação e inquietação que te costumam acompanhar. Por poucos momentos o teu espírito indomável parecia sem vida como um vulcão à espera de explodir.
Fazia-se sentir uma sintonia interminável no nosso quarto... Tu inspiravas, eu inspirava, tu expiravas e eu acompanhava-te.
Era uma manhã de Verão diferente de todas as outras. Respirava-se a pureza e a tranquilidade da natureza que se tinha misturado com o ar, apenas se faziam ouvir os pequenos pássaros que nos deixam a sensação que nunca dormem, juntamente com as folhas das árvores que uma leve brisa matinal agitava meigamente.Os carros apenas se faziam ouvir ao longe, os comboios estavam parados e a restante sociedade parecia esquecida de nós por estar ocupada com a sua rotina diária a milhares de quilómetros de distância.
Eram nove e seis da manhã quando acordaste e quebraste toda a paz, destruíste todo o silêncio e queimaste toda a tranquilidade construída na noite passada. Não suportava estes gritos dentro da minha cabeça,  o peso nos meus ombros, as facadas no meu coração e este apertar do meu estômago que me cortava a respiração. Refugiei e abriguei-me para a casa de banho... Apenas uma parede nos separava e o refugiar-me de ti a menos de um metro de distância não fazia o mínimo sentido. Conseguia ouvir os teus suspiros, sentir o teu mal-estar e ver pela parede o teu desassossego.
Até hoje não consigo estar contigo, olhar para ti, tocar em ti nem sequer pensar em ti como antes... Antes de destruir-nos, antes de arrepender-me de ter duvidado de ti e de me ter vingado de ti por um erro que não tu cometeste mas que eu cometi !

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